Nesta semana, em colaboração ao site da Comunidade Bethânia, o Pe. Valter Maurício Goedert nos convida a refletir sobre a importância de buscar a intimidade com Deus por meio da oração.
Águas mais profundas
As águas rasas são, sem dúvida, as mais tranquilas, mas não as mais indicadas para a pesca. Junto à praia tudo é muito cômodo. Não há necessidade de um esforço maior, nem se põe em risco a própria vida, não se encontram peixes, mas também nada nos ameaça. A pesca abundante encontra-se nas águas mais profundas, lá onde o fundo do mar é misterioso e pode esconder armadilhas letais. A busca de uma vida cristã mais coerente ameaça constantemente aqueles que preferem a comodidade à ousadia.
As águas mais profundas, ainda que desafiantes, são o lugar dos grandes encontros. Na profundidade da oração e do silêncio encontramos Deus. Na busca do amor maior, preparamos nosso coração para o verdadeiro amor fraterno, vencendo as antipatias, os pré-conceitos, e estabelecendo espaços de inclusão. No mistério mais profundo do nosso ser deparamos com o que é realmente importante em nossa vida, deixando de lado as mesquinharias que nos impedem ser cristãos adultos, até que tenhamos alcançado a medida da estatura de Cristo (Ef 5,13).
Buscar as águas mais profundas é amar mais (Jo 21,15). Somente na oração o homem descobre a sua plena dignidade, na qual ele é chamado a estar diante de Deus e a tornar-se um com ele. “A oração é, portanto, caminho que conduz à morada do tesouro interior, ao espaço em nós no qual Deus mesmo habita.
Artigo escrito por Pe. Valter Maurício Goedert, diretor da Escola Diaconal São Francisco de Assis da Arquidiocese de Florianópolis, professor do ITESC e Co-Capelão da Igreja Divino Espírito Santo, de Florianópolis, em Santa Catarina.
