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Acolhidos relatam experiências vividas durante processo de restauração, em Bethânia
Crédito da foto - Ana Picolli

Na última semana, três acolhidos da Comunidade Bethânia encerraram o processo de restauração e retornaram para suas famílias. Gabriel Jofe, Graziela Mortari e Felipe Souza ficaram por 11 meses no recanto São João Batista (SC) e vivenciaram todas as etapas do projeto pedagógico. 
O responsável técnico da entidade, Pierre Patrick Pires, explica que o processo conta com três etapas, sendo a do acolhimento, restauração e reinserção social. Durante esses meses, os filhos experimentaram o jeito Viver Bethânia, fizeram oficina profissionalizante e receberam certificação de conclusão do curso de qualificação profissional em panificação básica. 
As experiências vividas dentro da Comunidade Bethânia foram relatadas pelos acolhidos. Felipe de Souza, por exemplo, afirma que os 11 meses foram de muita batalha e luta interior. “Foi uma experiência incrível com o amor de Deus. Consegui me desapegar das muitas coisas do mundo. Vivi esse período sem celular, sem relógio. Foi, de fato, uma entrega a Deus. Hoje tenho outra cabeça e penso que a vida vai muito além dos vícios”.
Graziela já havia passado pelo recanto Curitiba em 2016, mas não tinha aproveitado tanto a oportunidade. “Mas desta vez foi única. Esse quase 1 ano em Bethânia foi um divisor de águas em minha vida. Estou muito confiante e segura com o que pode acontecer daqui para frente. Levo comigo os ensinamentos que aprendi com Padre Léo e com as pessoas de Bethânia que fizeram parte da minha vida”, diz.

Pedaço do céu na terra
O acolhido Gabriel Jofe também viveu a experiência de Bethânia por 11 meses, e mergulhou de cabeça com objetivo de ter Vida Plena. Para ele, a Comunidade foi o pedaço de um céu que floresceu. Paciente psiquiátrico devido a dependência química há 11 anos, ele passou por diversos hospitais e clínicas psiquiátricas. 
Porém, após quase morrer devido a um surto, foi convencido a passar um tempo em uma Comunidade Terapêutica. Na busca por este lugar, Jofe conheceu Bethânia. “No começo achei tudo uma baita ‘piração’, pois seria filho de gente que nem sei o sobrenome ou mais nova do que eu. Que seria ‘acolhido’ e não internado, que teria que acolher o Cristo que há nos outros e em mim. Ir à missa todo dia sendo que nem sou cristão e odiava padre, papa, Deus e Cristo que diziam estar presente em um pedaço de pão”. 
Ao observar toda a nova realidade que estava vivendo, Jofe teve um único pensamento: “Será que dá tempo de voltar para o hospício? Porque aquela ‘galera’ dos manicômios que passei não sabe o que é loucura”. Porém, a vontade de se “salvar” era maior do que a resistência, e então ele “pagou para ver”. 
A frase de uma pessoa, a qual Jofe considera um anjo, se apropriou da sua consciência: “Se é isso que você tem para salvar sua vida, aproveita”. Foi então que entendeu o valor e a importância do trabalho na restauração de um dependente químico. “Passei a entender o que o Padre Léo queria dizer com restauração e a importância da disciplina, rotina e espiritualidade. Descobri que o tempo é fundamental num caso como eu, que estou condicionado a viver no caos, para desconstruir esse padrão”, conta.
Jofe conheceu pessoas pelas quais se apaixonou além da dose terapêutica. “Pessoas que me mostraram que Cristo foi um grande Ser, que Ele vive e não podemos crucifica-lo dentro de nós e que aqui começa o céu. Pessoas que me ensinaram muito, me deram oportunidade de amar, que perdoaram minhas misérias, me limparam como um leproso sujo e me ensinaram sobre misericórdia com muita paciência. Foi em Bethânia que entendi que a espiritualidade tem que se materializar, se não de nada vale os joelhos no chão. E descobri, por incrível que pareça, que sermão de padre é legal”.
Foi em Bethânia que Jofe comeu a melhor cuca de sua vida, teve a oportunidade de fazer um curso de qualificação profissional em panificação, e voltar a jogar vôlei sendo o jogador destaque da temporada, com nenhuma partida ganha, e mesmo com um braço lesionado. “Dei comida para o falecido avestruz, quase infartei voando de helicóptero, fiz grandes amizades, abracei até dar câimbra e escutei muito “Jesus manso e humilde de coração” da boca do povo”, ressalta.
Agora, com o término de 11 meses de caminhada, o acolhido afirma que se sente renovado, agradecido e limpo, querendo viver e espalhar amor pelo mundo. “Acho que Bethânia deve estar orgulhosa de seu filho deixando de engatinhar e andando com suas próprias pernas em direção à luz. Sou eternamente grato a todos os envolvidos no meu processo de restauração”. 




 
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